Número de empresas que enfrentam dificuldades financeiras cresce 50%
A desaceleração econômica prevista por economistas já atingiu muitas empresas do País. Segundo uma recente pesquisa da KPMG, por exemplo, as companhias que apresentaram dificuldades de administrar as próprias finanças aumentaram 50% em 2012. Foi neste período aliás, que um número maior de empresas passou a ser acompanhada pela área de recuperação de crédito - acionada quando há atrasos nos pagamentos de empréstimos bancários.
E como tais organizações, hoje consideradas “zumbis”, não geram caixa ou mesmo lucro suficiente para pagar a dívida nos seus balanços, seus negócios acabam se tornando foco de novos ciclos de crises.
O problema
Para o sócio da área de reestruturação da KPMG no Brasil e responsável pelo serviço de Cash Management, André Schwartzman, para a maioria as empresas a crise materializa-se na dificuldade de renovar limites de crédito existentes e no aumento do custo financeiro.“As empresas em situação patrimonial menos favorável podem ficar de fora do mercado financeiro tradicional, tendo que recorrer às operações de desconto de duplicatas a custos insustentáveis”, explica.
Segundo ele, muitas vezes, as companhias que passam por uma recuperação judicial no Brasil não endereçam as reais causas de seus problemas. Com isso, "os credores, pressionados a resolverem as questões de crédito, acabam aprovando planos que não são sustentáveis no longo prazo”, explica o sócio da KPMG no Brasil, Salvatore Milanese.
Dívidas quitadas?
De acordo com os credores, o principal risco é que as empresas “zumbis” possam ficar presas em um ciclo de dependência, em função de uma insuficiência de lucrativdade e de capital de giro. Para eles, essa situação pode piorar caso o cenário da crise externa restrinja a abertura e o prazo alongado do crédito, dificultando assim, o pagamento das dívidas das empresas.
A pesquisa internacional apontou também que os credores continuam demonstrando preferência por soluções negociadas, que não envolvam os tribunais. Entretanto, têm a expectativa que o refinanciamento se tornará mais difícil, em particular para empresas menores.
Para eles, além da crise econômica global, os fatores de risco que mais afetam as empresas são o aumento das taxas de juros e o capital de giro insuficiente.
Diagnóstico é importante
No entanto, Schwartzman ressalta que, em alguns casos, uma reestruturação profunda da empresa e de seu modelo de negócio pode bastar para saldar as dívidas, mas para isso, é preciso fazer um diagnóstico detalhado.
"Conforme o refinanciamento fica cada vez mais difícil de ser obtido, empresas que dependem do influxo constante de crédito poderão se encontrar diante de um cenário de recuperação judicial ou, pelo menos, uma reestruturação radical de suas operações”, avalia.